quarta-feira, outubro 25, 2006

Afinidade


Afinidade é um sentimento impressionante, pois como podemos nos dar tão bem com alguém logo na primeira hora que o vemos e não conseguirmos nos entender com alguém com quem convivemos já a algum tempo?Aqui mesmo na net acontece isso, pois nos damos bem com pessoas que nunca vimos.Então encontrei um texto lindo que fala sobre isso e resolvi posta-lo aqui pra que vocês também entendam esse sentimento lindo que acontece com a gente.

Afinidade
Artur da Tavola

A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil,
delicado e penetrante dos sentimentos.
É o mais independente.

Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos,
as distâncias, as impossibilidades.
Quando há afinidade,
qualquer reencontro retoma a relação,
o diálogo, a conversa,
o afeto no exato ponto em que foi interrompido.

Afinidade é não haver tempo mediando a vida.
É uma vitória do adivinhado sobre o real.
Do subjetivo para o objetivo.
Do permanente sobre o passageiro.
Do básico sobre o superficial.

Ter afinidade é muito raro.
Mas quando existe
não precisa de códigos verbais para se manifestar.
Existia antes do conhecimento,
irradia durante e permanece
depois que as pessoas deixaram de estar juntas.
O que você tem dificuldade de expressar a um não afim,
sai simples e claro diante de alguém com quem você tem afinidade.

Afinidade é ficar longe pensando parecido
a respeito dos mesmos fatos que impressionam,
comovem ou mobilizam.
É ficar conversando sem trocar palavras.
É receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento.

Afinidade é sentir com, nem sentir contra,
nem sentir para, nem sentir por, nem sentir pelo.
Quanta gente ama loucamente,
mas sente contra o ser amado.
Quantos amam e sentem para o ser amado,
não para eles próprios.

Sentir com é não ter necessidade de explicar
o que está sentindo.
É olhar e perceber.
É mais calar do que falar, ou, quando é falar,
jamais explicar: apenas afirmar.

Afinidade é jamais sentir por.
Quem sente por, confunde afinidade com masoquismo.
Mas quem sente com, avalia sem se contaminar.
Compreende sem ocupar o lugar do outro.
Aceita para poder questionar.
Quem não tem afinidade, questiona por não aceitar.

Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças.
É conversar no silêncio, tanto nas possibilidades exercidas
quanto das impossibilidade vividas.

Afinidade é retomar a relação no ponto em que parou
sem lamentar o tempo de separação.
Porque tempo e separação nunca existiram.
Foram apenas oportunidades dadas (tiradas) pela vida,
para que a maturação comum pudesse se dar.
E para que cada pessoa pudesse e possa ser,
cada vez mais a expressão do outro
sob a forma ampliada do eu individual aprimorado.

sexta-feira, outubro 06, 2006

Falar pra quê?


Prá que falar, se não ouves?
Andar pra quê,se não é ao seu lado?
Me apequeno diante da grandeza que tu te tornaste.
Nem ao mesmo me percebo, estou infíma.
Não me encontro, acho que fiquei em ti.
Não posso me pedir de volta, pois você nem ao menos me vê.
Falar prá quê?
Eu grito seu nome e nem mesmo o vento me responde com algum eco.
Estou sozinha, não apenas de você, mas principalmente de mim.
Sou agora como um balão de gás, vagando pelo espaço sem saber onde parar.
Falar prá quê?
Sei que não terei resposta, você não quer me ouvir.
Mas se você pudesse me ouvir eu apenas me pediria de volta.